14 de jun. de 2024
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A s t e r
Telescópios para iniciantes
Escolher um primeiro instrumento para observação não é fácil. Na verdade, a maioria de nós já nasce com o melhor de todos: os olhos. Mas isso não parece suficiente. Precisamos enxegar mais longe e ver astros menos brilhantes. A solução é utilizar a óptica. Então, qual instrumento devemos adquirir?
Toda vez que um iniciante em Astronomia nos pede conselhos sobre a compra de um telescópio, nossa resposta é sempre a mesma: não compre. Pode parecer um pouco cruel. Mas uma compra precipitada pode levar à decepção e você terá um belo, e talvez, caríssimo, cabide que dá pra ver a Lua, de vez em quando.
Primeiro conselho: NÃO COMPRE
Aceite o conselho de quem já foi leigo: NÃO COMPRE.
Procure, antes, conhecer um pouco mais de Astronomia. Frequente planetários, observatórios, faça cursos, pesquise em sites, compre (caríssimas) revistas americanas sobre o assunto e, principalmente, procure um grupo de astronomia. Procure aprender um pouco mais e vá amadurecendo a ideia.
A astronomia amadora tem várias áreas pelas quais você pode se apaixonar, que podem ser feitas com vários tipos de telescópios como a observação de planetas, objetos de "deep sky* (nebulosas, galáxias e aglomerados), estrelas duplas e variáveis,astrofotografia, ocultações, meteoros, etc. Algumas dessas atividades podem ser feitas com binóculos ou mesmo a olho nu.
Segundo conselho : NÃO COMPRE, AINDA.
Ah.. você insiste em ter um instrumento! Não consegue conter a ansiedade? Compre um binóculo.
É um instrumento que vai acompanhá-lo pelo resto da vida, e que certamente, vai auxilia-lo a usar o telescópio, permitindo que você encontre os objetos mais facilmente e que possa, depois, apontar o telescópio. Um binóculo é muito mais fácil, confortável e prático de se manusear. Tem a desvantagem de não aumentar tanto, mas ainda oferece uma imagem maravilhosa, como a vantagem de permitir a observação com os dois olhos.
Um bom binóculo está na mesma faixa de preço de um telescópio artesanal de uns 150 a 180mm, indicado para iniciantes. Procure por binóculos com medidas entre 7x50 ou 10x50. O primeiro número (7 ou 10) refere-se ao aumento e o segundo (50) é o diâmetro da objetiva. Objetiva é a parte ótica de um instrumento onde a luz do 'objeto' chega primeiro. A lente onde colocamos o olho é chamada de ocular.
Terceiro conselho : NÃO COMPRE em lojas de óptica, foto, caça e pesca, camping, livrarias, shopping, supermercados etc...
Você chega na loja e o vendedor já vai logo dizendo que aquela "luneta" aumenta 600 vezes. Dê meia volta e nunca mais passe a menos de 10km dessa loja.
Não é impossível que você encontre um bom instrumento nessas lojas. Hoje em dia, já é possível encontrar telescópios melhores, mas a probabilidade é pequena.
Fuja das 'lunetas"
A parte ótica desses instrumentos é, geralmente, feita de plástico ou acrílico, não vidro, e pode, realmente aumentar 600 vezes, mas a qualidade da imagem é péssima. O tripé que os acompanha é instaval e balança feito gelatina ao menor toque. Você não consegue apontar por que a imagem na ocular fica sumindo o tempo todo. Os parafusos de fixação do tubo ou estão muito apertados ou não apertam o suficiente. Além disso tem preço equivalente aos refletores artersanais
Já é possível pode encontrar telescópios refletores com montagem equatorial em algumas dessas lojas. Mas pense um pouco, pesquise e peça opinião de alguém, antes de comprar.
Se você insiste...
Ainda não consegui te convecer, não é? Você já fez cursos, já estudou o assunto, já conhece o céu, já sabe qual área quer estudar e já tem um binóculo. Então vamos falar sobre telescópios!
É agora que a coisa complica. Dar conselhos sobre compra de telescópios é como dar conselho sobre a compra de carros.
A primeira pergunta é: O que você pretende fazer? O que pretende observar ou fotografar? Pretende observar objetos de "deep sky", planetas, Lua ou o Sol ( CUIDADO!!! )
Você tem que decidir sobre preço, tamanho, acessórios, portabilidade, e principalmente, o propósito.
Se você for usá-lo apenas para observação e não se importa com acompanhamento, quer praticidade para montar e desmontar, não tem muito pra gastar, então o seu telescópio é um Newtoniano de 150 a 180 mm em uma montagem Dobsoniana e você pode comprá-lo de ótimos fabricantes artesanais nacionais por preços que variam entre R$600 a R$1500 reais.
Um instrumento assim servirá muito bem para observação da Lua e do Sol (CUIDADO!!!) de Deep Sky e planetas como Júpiter e Saturno. Você verá facilmente, a luas de Júpiter (como pontos) e os anéis de Saturno.
Mas se o propósito é astrofotografia, então prepare-se para adquirir uma bela montagem equatorial que pode ser controlada manualmente ou com pequenos motores de passo ou pode ser computadorizada. A vantagem dessa montagem é que ela faz o telescópio acompanhar o movimento do astro no céu causado pela rotação da Terra.
A montagem manual possui dois cabos relativamente rígidos que movem duas "roscas-sem-fim" que movimentam o telescópio nas direções Leste-Oeste e Norte-Sul. Girando os cabos você controla a posição do telescópio. Já montagem motorizada possui um ou dois motores que fazem girar as mesmas roscas, movimentando o telescópio. A montagem computadorizada já é bem mais complexa. Ela vem com uma peça que parece um controle remoto, mas que é um pequeno computador que contém, em sua memória, a posição de dezenas de milhares de objetos. Algumas das mais caras vem com GPS e acelerômetro e fazem seu alinhamento sozinhas.
Alinhamento
E já que tocamos no assunto alinhamento, vamos esclarecer que este é um ponto importante.
Se você não tiver um local fixo. Se você precisa viajar para fazer suas observações, tem uma montagem equatorial, não quer ficar ajustando a posição do telescópio todo o tempo e, principalmente, se quer fazer astrofotografia, você deverá fazer um alinhamento com muita precisão. E isto leva, pelo menos, uma hora, dependendo da qualidade do céu e do horizonte.
É necessário deixar o eixo de Ascenção Reta (AR) do telescópio paralelo ao eixo de rotação da Terra. Para isso você precisa apontar o eixo do telescópio para o Polo Celeste Sul. Um dos procedimentos é encontrar a estrela Sigma da constelação do Oitante (Octans) que é de fraco brilho e bem dificil de encontrar. Lembra que eu disse pra você comprar um binóculo? Algumas montagens equatoriais possuem uma lunetinha dentro do eixo de AR com marcações, e até um mapinha da região que facilitam o alinhamento.
REFRATOR - REFLETOR
Podemos dividir a classificação da parte ótica dos telescópios em dois grandes grupos, compostos por lentes ou espelhos. São constituídos, basicamente por objetiva e uma ocular, e um espelho plano ou um prisma colocado entre eles.
Refrator
Telescópio refrator é aquele popularmente chamado de 'luneta'. Ele é composto principalmente por lentes pelas quais a luz tem que passar e, ao fazer isto é refratada (desviada), daí o seu nome. Pode-se pensar no binóculo como dois pequenos refratores colocados lado a lado tendo o caminho da luz desviado e encurtado por um ou mais primas.
Um dos problemas do refrator é que a luz, ao ser refratada, sofre distorções, que comumente chamamos de aberrações. Podemos citar vários tipos de aberrações de campo, como astigmatismo ou coma, nas quais a imagem é distorcida e as estrelas aparecem como borradas, principalmente nas bordas. Também há a aberração cromática, na qual as cores são distorcidas e os objetos podem aparecer azulados de um lado e avermelhados do outro.
Para resolver este problema, a obejtiva é composta por dois (dubletos) ou três (tripletos) elementos (lentes), chamados de acromáticos ou apocromáticos.
Objetivas com vidro de boa qualidade, podem ter ser tão boas ou melhores que refletores com o mesmo diâmetro.
Outro problema é que pelo fato da objetiva ficar na parte frontal do telescópio, não se pode aumentar muito o diametro da objetiva por causa do peso do vidro. Estes telescópios tem uma distância focal longa e, consequentemente, o tubo também deve ser. A montagem, muitas vezes, não suporta o peso desbalanceado. Por isso é muito mais fácil construir refletores nos quais não há limitação de diâmetro. Alguém amadores constroem refletores de um metro de diâmetro.
São indicados para a observação de planetas.
Refletor
Consiste de um tubo aberto, com um espelho no fundo (chamado de 'primário'). Ele é a objetiva, o olho do telescópio. A luz percorre todo o interior do tubo e é refletida de volta até o ponto focal mas, antes disso é desviada por um espelho plano (secundário), colocado perto da 'boca' do telescópio, cuja única função é desviar a luz para a lateral do tubo, onde estará a ocular.
O espelho possui uma leve curvatura que pode ser esférica ou hiperbólica. O espelhamento é feito com alumínio ou prata na primeira superfície (antes que a luz passe pelo vidro), ao contrário do espelho do seu banheiro que é feito com espelhamento químico na parte de 'trás' do vidro.
O vidro deve ter uma certa espessura em relação ao diâmetro para evitar problemas com a dilatação. Além disso há o problema da turbulência dentro do tubo.
São bem mais baratos e mais fáceis de se construir que os refratores. Também podem sofrer com aberrações mas são mais fáceis de se lidar. Algumas desvantagens são a obstrução do espelho secundário e o tamanho do instrumento, que o torna difícil de transportar.
A vantagem é que você mesmo pode fazer. Se tiver habilidade manual e muita paciência. Você só tem que desbastar o vidro até ter a curvatura certa, aluminizá-lo, construir o tubo e a base e montá-lo. Muito simples, não? Com anos de prática e muita paciência, você também poderá tornar-se um ATM e passar de consumidor a fornecedor.
Os mais comuns são os modelos baseados na invenção (??) de Newton, por isso chamados de Newtonianos, mas há variações importantes como os Maksutov e os Schimdt-Cassegrain. Neste último, os espelho secundário reflete a luz de volta para o centro do primário, onde há um furo que permite a passagem da luz para a ocular localizada no lateral do tubo.
Catadióptricos
São instrumentos que usam tanto espelhos como lentes. De fato são como refletores que possuem uma lente corretora na boca do tubo para melhorar a imagem e corrigir aberrações. A ocular é colocada no fundo do tubo. A grande vantagem dessa construção é que o tubo fica com a metade do tamanho.
Montagem
A montagem é parte do instrumento destinada a manter o alinhamento, os movimentos e a estabilidade do telescópio. Pode ser composta de uma parte única ou dividida em duas, sendo uma delas chamada de montagem.
Uma das partes é aquela que mantém o telescópio preso ao chão. Pode ser um tripé, uma coluna de metal ou concreto fixado ao solo ou uma montagem do tipo Dobson. Este é um exemplo de montagem que tem as duas funções: fixação e movimento. Mas ela não tem motores e é movimentada manualmente.
A montagem Dobson é a mais simples. Foi criada pelo americano John Dobson para disponibilizar telescópios para o público nas calçadas. Parece uma caixa. Tem movimentos em dois eixos, vertical e horizontal, e é chamada de Altazimutal.
(veja aqui os exemplares montados pelo Aster)
Outro tipo de montagem é a equatorial. Ela atual sobre dois eixos, mas dispostos de forma que o tubo se movimente nos sentidos Norte- Sul e Leste-Oeste. Sua função é permitir que o telescópio acompanhe o movimento dos astros com o mínimo de movimento do conjunto.
Desta forma, é preciso alinhar um dos eixos da montagem com o eixo de rotação da Terra, apontando-se o eixo para o Pólo Celeste visível. Quanto mais preciso for o alinhamento, menor será o desvio do astro na ocular (considerando-se uma montagem motorizada / computadorizada)
Qualquer montagem pode, ou não, ser motorizada.
Grande parte das montagens artesanais e altazimutais não são.
As maioria das equatoriais são modelos industriais e as que não são motorizadas tem eixos com roscas sem fim e cabos que permitem movimentá-las mais facilmente e sem causar muita vibração no telescópio (como na imagem acima).
Mais
Se ainda tiver alguma dúvida ou quiser saber mais sobre o assunto, assita a estes videos:
Escolhendo binóculo para astronomia - Paulo Cacella
Apresentação 1 - Como escolher seu Telescópio e Montagem - Paulo Cacella
Apresentação 2 - Mais sobre escolha de Telescópios, Binóculos e Oculares - Paulo Cacella
Dobson
![]() NewtonianosTubos ópticos de telescópios Newtonianos | ![]() Tubo de telescópios NewtonianosVisão interna de um tubo de telescópio Newtoniano | ![]() Base da montagem Dobsoniana |
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![]() Base da montagem Dobsoniana | ![]() Montagem Dobsoniana com tubo óptico | ![]() Espelho primário do Newtoniano |
![]() Espelho secundário do NewtonianoEspelho secundário do Newtoniano com a 'aranha', hastes que o prendem ao tubo. | ![]() Secundário do NewtonianoEspelho secundário do Newtoniano | ![]() RefratorEsquema óptico do telescópio refrator |
![]() NewtonianoModelo de telescópio Newtoniano em montagem equatorial. |
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